DISCOGRAFIA
Do Mississipi ao São Francisco
O primeiro CD da cantora norte-americana Rodica
"O título do disco remete ao 'encontro' entre dois países, representado por dois rios de muito significado: O Rio Mississipi e o Rio São Francisco. Ambos são rios que atravessam território nacional e representam, de certa forma, a identidade coletiva de um povo. O Rio Mississipi remete à origem do Blues. Trago para o CD - o blues de raiz, o blues que originou das canções de trabalho, cantadas pelos escravos nas plantações de algodão no sul dos Estados Unidos. A intenção é valorizar a relevância destes precursores que contribuíram para criar o gênero blues e que tem uma ligação direta com a África. E tento mostrar também que o som, a linha melódica do blues remete às canções mais antigas do povo afro-brasileiro: o congado, principalmente. Assim, nesta viagem que ultrapassa as fronteiras culturais, chegamos ao São Francisco." (Rodica)
O primeiro disco da artista norte-americana, radicada no Brasil há 15 anos, foi lançado em 2009. Traz canções de Rodica e parceiros, além de canções tradicionais afro-americanas chamadas de “spirituals”, a expressão mais originária do blues.
Realizado com os benefícios da Lei de Estadual de Incentivo à Cultura – Minas Gerais, com o patrocínio da TIM e apoio da Elvira Matilde e gravado entre as Primaveras de 2007 e 2008, nos estúdios ‘Toca do Leão’, ‘Engenho’, ‘Gênesis’ e ‘Bemol’, o CD “Do Mississipi ao São Francisco” tem concepção e direção artística de Rodica e Sérgio Pererê; produção, direção Musical e arranjos de Rogério Delayon; mixagem, de André Cabelo e Rogério Delayon; masterização de André Cabelo; projeto gráfico, de Murilo Godoy, fotografia de Elisa Cotta e Cecília Pederzoli e produção executiva, de Rodica e Juliana Nogueira.
“A cultura negra é uma grande árvore, cujas raízes estão na África e as copas se estendem pelo mundo. Quando ouço o canto do blues, sinto muito mais do que a presença de notas musicais. É como se a voz negra no solo da América fosse capaz de reproduzir o espírito e a essência da África. A mesma força está nos cantos de trabalho, jongos, congados, sambas, candomblés, cantos afro-latinos e várias outras expressões. A voz que entoa o blues canaliza energias ancestrais, presentes no mundo inteiro. Este CD é resultado de um trabalho de pesquisa e criação coletiva, da qual tive a honra de participar em parceria com a cantora e compositora Rodica Blues. É uma pequena amostra da relação real entre as canções de trabalho, spirituals e as primeiras expressões do blues originárias do sul dos Estados Unidos e os cantos africanos e brasileiros. Mais ainda, é a confirmação de que nossas vozes são o que melhor representa nossas almas. A espiritualidade e o desejo de libertação estão presentes no cancioneiro daqui e de lá, traduzidos na linguagem universal da música.” (Sérgio Pererê)
No repertório: Death Letter (Son House), Queen Bee (Rupert Holmes/ Taj Mahal), Variante (Edvaldo Santana), Wade in a Water (Vinheta - Tradicional), Testimony (Ferron)/ Corre o Rio (Sérgio Pererê), Oração para Oxum (Tradicional/ Rodica Blues), Kothbiro (Ayub Ogada)/ Deep River (Tradicional), Seven Days (Rodica Blues), Niger Blues (Markú Ribas), Wade in a Water (tradicional), Swing Low, Sweet Chariot (tradicional), People Get Ready (Curtis Mayfield), Motherless Child (Rodica Blues) e Hard Working Blues (Vasco Faé) / Come on in my kitchen (Robert Johnson e John William Mark Renbourn).
Participam do disco, os músicos: Adriano Campagnani (baixo up right), André “Limão” Queiroz (bateria), Augusto Rennó (violão de aço), Esdra “Neném” Ferreira (bateria), Fábio Zarbato Longo (baixo acústico), Ivan Corrêa (baixo), Leandro Ferrari (gaita), Nestor Lombida Hunt (piano), Paulo Márcio (trompete), Rodica (voz, vocais), Rogério Delayon (violões de aço e nylon, cavaquinho, programações), Sérgio Pererê (percussões e voz/vocais), Serginho Silva (percussão), Titane (voz/vocais) e Vasco Faé (bateria, baixo, guitarra, dobro, gaita, voz, vocais).
Blues in My Blood
Em “Blues in my Blood”, seu segundo disco, Rodica expõe a construção do blues, partindo de um diálogo frutífero entre múltiplas vertentes musicais – o folk, o jazz, o country e o soul.
Rodica revela, ao buscar essa diversidade no repertório, que as várias expressões da música afro-americana, desde o “spiritual”, os “cânticos de trabalho e louvação”, até o blues, são componentes de uma história muito rica em tradição, que atravessa os limites do tempo e do espaço. O instigante “Blues in my Blood” busca transcender o gênero, mesmo estando extremamente enraizado na rica tradição do blues, pois é no eixo blues que o álbum se define do início ao fim.
O título do disco remete à força inquestionável que o blues transmite, a partir de sua capacidade de se entranhar na alma humana e conectar emoções como o desejo, o amor, as perdas e a tristeza com intensidade e verdade. O blues que ouvimos neste álbum corre pelas veias como o sangue.
Ao lado de um time de músicos brasileiros que dominam a linguagem – Otávio Rocha (guitarra); Beto Werther (bateria); Ugo Perrotta (baixo); Marco Tommaso (piano) - a artista consolida em ‘Blues in my Blood’ seu lugar de destaque no cenário do blues nacional. O álbum conta ainda com as participações especiais do cantor e percussionista mineiro Sérgio Pererê, dos reconhecidos cariocas Ricardo Werther e Álamo Leal, e do gaitista Flávio Guimarães, do Blues Etílicos.
É Flávio Guimarães, músico renomado internacionalmente e referência do gênero no Brasil, quem se refere assim a Rodica e ao disco: “Blues in my Blood é um álbum de surpreendente qualidade e Rodica veio para ficar, puxando para cima o nível do blues nacional”.
No repertório: Don’t let my baby ride (Deadric Malone/ Overton Vertis Wright), Grandma’s hands (Bill Withers), Livin’ on love (Nicholson & Fuller), Slow Down (Keb’ Mo’), Into my soul (F. Clary/ M. Bottini/ F. Terrenato), Moanin’ at midnight (Howlin’ Wolf), Down in Mississippi (J.B. Lenoir), I want to go (J.B. Lenoir), Blues in my blood (Rodica Weitzman), Hit the Ground (Lizz Wright), Angel from Montgomery (John Prine), Love me like a man (Chris Smither), Feeling Good (Anthony Newley e Leslie Bricusse)
Participam também das gravações: Julio Bittencourt Trio (Julio Bittencourt – bateria; Luciano Bittencourt – guitarra; BJ Bentes – baixo), Rogério Delayon (guitarra e banjo), Bruce Henri (baixo acústico) e João Hermeto (percussão).